27/08/2014
Ao mirar a TIM Brasil, numa jogada para entrar no jogo de consolidação do mercado brasileiro, a Oi acirra na verdade a disputa entre a Telecom Italia e a Telefônica pela GVT, afirmam analistas de mercado consultados pelo portal Convergência Digital.
Na prática, os especialistas duvidam da eficácia da proposta da Oi pelo controle da TIM Brasil, mas admitem que a entrada da operadora no jogo da consolidação, põe mais 'fogo' nas negociações pelo controle da GVT, que poderá custar bem mais que os R$ 20 bilhões ofertados inicialmente pela operadora espanhola.
Analistas de mercado também dizem que o próprio governo pode não gostar dessa mobilização pré-leilão 4G -as propostas serão entregues no dia 23 de setembro e o pregão está agendado para o dia 30 de setembro. "Se uma das operadoras não participar, todo o esquema de dinheiro em caixa e da própria migração da TV digital pode correr risco", diz uma fonte de mercado. "Blefe", diz outro especialista consultado pelo Convergência Digital, referindo-se à proposta da Oi pela TIM Brasil. "A TIM é a empresa a ser comprada, mas não pela Oi. grande vitoriosa desse embate é a francesa Vivendi, vai arredacar muito mais", complementa outra analista.
Esta quarta-feira, 27/08, foi de grande movimentação no mercado nacional de telecomunicações. O comunicado da Oi enviado à CVM, onde a operadora anuncia a contratação do BTG Pactual para viabilizar uma operação financeira para comprar o controle da TIM Brasil, não era esperado, especialmente, em função do calote da Rioforte e da necessidade da tele centrar seus esforços num acordo para garantir a fusão com a Portugal Telecom, decisão que sairá no dia 08 de setembro, quando os minoritários da PT vão aprovar ou não a renegociação feita entre as operadoras, pós-efeito do calote de R$ 897 milhões.
"É uma partida de xadrez e não se sabe quem vai dar o xeque-mate", avalia Renato Pasquini, diretor de Telecom para a América Latina da Frost&Sullivan. O analista não quis falar diretamente sobre os movimentos da Oi, Vivo, Telecom Italia, Telefônica/Vivo e GVT, mas enumerou os pontos mais atraentes das teles postas "à venda". "A TIM tem a carteira de pré-pago e de dados. A Nextel tem a carteira de pós-pago e empresarial. A GVT, a banda larga fixa. Mas ainda acho que a GVT é a compra da vez e vamos ter lances arrojados pelo seu controle", disse.
Outros analistas de mercado preferiram comentar o momento sem ter seus nomes divulgados. "Acho que para o governo, essa movimentação não é boa. A licitação 4G é estratégica para os cofres públicos e se uma das quatro teles sair do pregão, a arrecadação pode cair e faltará recursos para a migração da TV Digital. Afinal, teremos menos gente dividindo o dinheiro da EAD, entidade administrativa das teles que vai gerir a compra de equipamentos para a transição da TV analógica para a digital e que terá uma arrecadação estimada em R$ 3,6 bilhões", diz.
Para esse analista, diante do interesse do governo, certamente, se a proposta da Oi se consolidar, o CADE deverá atuar de forma bastante rigorosa. "Há questões concorrenciais sim. Comprar a TIM Brasil e depois fatiar em três como é a expectativa do mercado (Vivo e Claro participariam dessa tentativa de compra pela Oi, segundo rumores do mercado) se não é para diminuir a concorrência, não sei mais o que é", sustentou o analista.
Outro analista foi mais taxativo: "É blefe da Oi. Ela precisava entrar em cena para prejudicar a compra da GVT pela Telefônica ou pela Telecom Italia. Essa aquisição atinge muito os negócios da Oi. Além de criar tumulto, ela obriga ofertas maiores. A grande vencedora desse embate é a francesa Vivendi", completou. Fontes do Governo lembram que se a Oi comprar a TIM Brasil, ou qualquer outra operadora - lembrando que a Nextel Brasil também está no mercado - terá de devolver espectro, uma vez que haverá sobreposição de frequências. Nesse caso, a devolução é obrigatória.
No final desta quarta-feira, a Telecom Italia lançou um comunicado oficial onde diz ter tomado conhecimento da proposta da Oi Brasil, mas 'desconhece completamente" qualquer possibilidade de fazer o negócio. A operadora reiterou que a TIM Brasil é um ativo estratégico e que 'está preocupada em ampliar os investimentos e consolidar as expectativas de crescimento". O informe da operadora italiana não cita a possível compra da GVT. Notícias dão conta que a Vivendi poderá dar uma posição sobre as propostas da Telefônica ou da Telecom Italia já nesta quinta-feira, 28/08, quando promove uma assembleia de acionistas.
Fonte: Ana Paula Lobo - Convergência Digital
Copyright © 2015 ABRAFIX - Associação Brasileira de Concessionárias de Serviços Telefônico Fixo Comutado. All Rights Reserved.