07/08/2013
SÃO PAULO - Reclamação comum entre os usuários de internet móvel, a qualidade do sinal não é mais o único motivo de descontentamento de quem usa banda larga no país. O Brasil tem o serviço mais caro da América Latina.
Levantamento da Associação Internacional das Companhias de Telecomunicações (GSMA, na sigla em inglês) aponta que, enquanto o preço de pacotes para smart-phones nos últimos três anos caiu 60% entre latinos, no Brasil subiu 28%. Em um ano, o país saltou da sexta posição para o topo da lista com maior custo.
– A competitividade entre as operadoras, que fez o valor da ligação local cair, não tem o mesmo impacto na oferta de internet móvel. Em 2007, as companhias reduziram o preço do serviço, mas perceberam que essa estratégia de certa forma canibaliza a venda de banda larga fixa. A mudança de rota preserva o negócio mais rentável e talvez justifique o aumento de preços no Brasil – avalia Ari Lopes, analista da consultoria britânica de telecomunicações Informa.
Diretor-executivo do Sinditelebrasil, sindicato que representa as operadoras, Eduardo Levy minimiza o resultado do estudo, que leva em consideração os planos mais econômicos para smartphones com até um gigabyte.
– Para se chegar ao preço real da banda larga é necessário considerar todos os planos. O próprio levantamento mostra que nos planos para smartphones com 250 megabytes de download, o Brasil está entre os mais baratos – afirma.
Especialista defende auditoria nas operadoras
Levy critica o impacto da tributação do serviço, que é de 47% em média, podendo chegar a 60% dependendo da alíquota de ICMS cobrada em cada estado:
– Levar infraestrutura a locais mais distantes, com dificuldades naturais, também influencia no preço.
Para Luis Minoru, diretor da consultoria de telecomunicações Promon Logicalis, o peso dos impostos pode ser apontado como razão do custo alto, mas não como motivo para o avanço de preço nos últimos anos, já que não houve mudanças na tributação do setor:
– A demanda maior encarece qualquer serviço. As novas metas de investimento impostas pela Anatel também podem ter algum impacto.
Dane Avanzi, advogado e especialista em telecomunicações, que dirige uma ONG de defesa dos direitos do consumidor, defende a realização de auditoria nas companhias.
– É preciso saber os níveis de rentabilidade das empresas. Têm de estar compatíveis com outros países. As operadoras falam em ampliação de investimentos, mas a qualidade não melhora – afirma.
Fonte: Cadu Caldas - Jornal de Santa Catarina
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