21/08/2013
Nesta quarta-feira, 21/8, durante o painel do Congresso SET 2013 que tratou da convivência do LTE e da TV Digital na faixa de 700MHz, o diretor-executivo do Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal (SindiTelebrasil), Eduardo Levy, lançou um desafio para operadoras, radiodifusores e a Anatel: a elaboração de um único relatório sobre os testes de canalização e interferências, inclusive de interferência mútua dos sinais LTE e de TV digital, que vêm sido realizados, isoladamente, por cada um deles.
Está claro para operadoras e radiodifusores que, sem cooperação, a superação dos obstáculos técnicos para uma boa convivência entre os dois sinais será mais difícil, principalmente diante de um horizonte curto para a realização de grandes investimentos necessários à readequação das infraestruturas de radiodifusão e telecom.
A principal preocupação dos radiodifusores é garantir que a convivência dos sinais não resulte em tela preta, degradação de áudio ou congelamento da imagem nos televisores. Os radiodifusores entendem que o LTE é uma necessidade, mas querem resguardado o padrão de qualidade de imagem e som em suas transmissões. De acordo com Julio Omi, da Universidade Makenzie, os principais problemas do LTE na transmissão digital são a saturação do sinal e a interferência nos canais adjacentes. Nas contas do radiodifusores, se considerarmos o legado já existente e a curva de crescimento do mercado de receptores, hoje de 15 milhões ao ano, o pais teria, em 2015, 140 milhões de aparelhos que estariam sujeitos à interferência do LTE, e em 2018, 153 milhões de televisores, segundo Aguinaldo Silva, diretor corporativo da SET e integrante do Fórum SBTVD. Para mitigar esta interferência, haveria a necessidade do uso de filtros, que só terão suas especificações técnicas definidas após a exaustiva realização de testes de laboratório e de campo.
Já a preocupação das operadoras é com os custos que as obrigações do leilão de 700MHz poderão gerar. De acordo com Eduardo Levy, esse custo vem caindo no mundo, em função das necessidades de investimento. Há uma expectativa que o Brasil acompanhe essa tendência. "O Brasil deve acompanhar a recomendação da UIT e procurar mitigar as interferências que também a TV digital pode causar nos sistemas móveis. Mas todos os impactos devem ser conhecidos. A convivência dos serviços, os eventuais ressarcimentos de todo este trabalho, o custo da limpeza da faixa e a quantidade de espectro disponível que nós podemos via a ter para o serviço vão variar muito no tempo em função dos estudos que estamos fazendo. Os critérios usados pela Anatel para determiná-los também", argumenta Levy.
Tudo isso vai definir os parâmetros de qualidades que serão exigidos, a necessidade de investimento, as novas obrigações e o valor do leilão. Com relação às novas obrigações, Levy defende que o governo procure encontrar uma forma sábia de além de oferecer p serviço em uma nova frequência, ampliar a cobertura.
Na opinião do diretor do SindiTelebrasil, a faixa de 700MHz ajudaria a ampliar a cobertura do serviço de banda larga móvel para áreas menos densamente povoadas, um dos grandes desafios do setor, junto com a melhoria da qualidade do serviço. Fazer um edital que, em vez disso, privilegie exclusivamente o custo do switch-off analógico e as soluções para mitigação de interferências não seria bom para o país. Como também não seria bom fazer um leilão arrecadatório com o intuito de gerar superávit fiscal.
"É preciso encontrar um equilíbrio. Há um conjunto muito grande de municípios pelos quais já se poderia hoje começar a implantação do LTE, do ponto de vista técnico, mas esses municípios são o de menor atratividade econômica. Se começar por eles, sob o ponto de vista econômico e financeiro será um inferno, porque eles não geram receita", explica Levy.
O executivo fez questão ainda de deixar claro que não há nenhuma intenção do setor de telecomunicações no sentido de acelerar o apagão do sinal da TV analógica.
"Tem uma outra coisa que é preciso levar em consideração em relação ao planejamento: se demorar muito, perde a graça, como aconteceu com os 450MHz. Se o 700MHz demorar a sair, as operadoras serão obrigadas a ampliar a cobertura em 2,5GHz, que é caro. Se sair muito rápido, as empresas estarão sem fôlego, já que estão investindo nas áreas de 2,5GHz. É preciso encontrar o ponto certo, o que é difícil", diz o executivo.
O SindiTelebrasil contratou do CPqD um estudo sobre a convivência dos sinais de Tv Digital e telefonia móvel, entregue esta semana ao Ministério das Comunicações e à Anatel. Ele traça cenários de interferência de A para B e de B para A. Os resultados obtidos mostram que é possível um aumento de robustez dos sistemas. Para isso é preciso fazer um trabalho conjunto. "Pode isso nós estamos promovendo reuniões colocando engenheiros do SindiTelebrasil com a Abert e a SET, para que possamos trabalhar em conjunto", disse Levy.
Jarbas Valente, conselheiro da Anatel, afirmou que “a grande preocupação do governo federal é garantir a harmonia entre as antenas para a recepção dos dois sistemas e que os investimentos para isso será da casa de bilhões de reais”. A expectativa do governo é ter o regulamento de recanalização da TV Digital aprovado em setembro/outubro de 2013.
Fonte: Cristina De Luca - Computer World
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