13/08/2013
Com a aproximação do final do prazo do acordo de acionistas que compõem a Telco, dia 28 de setembro, crescem as especulações sobre uma possível venda da Telecom Italia, que, no Brasil, controla a TIM.
Consultores que acompanham de perto a operadora italiana acreditam em três possíveis cenários: uma saída política com a capitalização da empresa sob apoio do governo italiano; a compra da operadora italiana pela Vodafone; e a compra da Telecom Italia pela Telefónica, que participa do Telco, que detém 22% da Telecom Italia. Integram a Telco, além da Telefónica, os bancos Intesa Sanpaolo e Mediobanca e a seguradora Assicurazioni Generali.
Na avaliação do mercado, mesmo se Franco Bernabé, CEO da Telecom Italia, conseguir montar um plano de capitalização da empresa, que carrega uma dívida de €29 bilhões, dificilmente conseguirá manter a unidade móvel. A alternativa de compra pela Vodafone é a mais considerada, uma vez que a operadora inglesa está bem capitalizada após a recente venda para a Verizon, por US$ 130 bilhões, de sua participação (45%) na operadora norte-americana. A compra pela Telefónica é avaliada como menos provável, especialmente por conta das implicações em outros mercados, como o brasileiro. A concentração de participação de mercado poderia significar barreiras regulatórias, assim como a concentração de espectro obrigaria a tele a abrir mão desse ativo cada vez mais importante em um cenário de expansão da banda larga.
A operadora espanhola pode, sim, ampliar sua participação de 46% na Telco, adquirindo as ações do Mediobanca, que já anunciou sua disposição de sair do negócio. E, futuramente, poderá fazer novas aquisições.
A possível incorporação da Telecom Italia por outra operadora europeia faz parte da onda de fusões que começa a acontecer no setor de telecom naquele continente. Segundo um observador do xadrez da área de telecomunicações da Europa, para ter empresas fortes as fusões são mais do que necessárias. “É possível um país como a Irlanda, com quatro milhões de habitantes, contar com cinco operadoras? Todas perdem dinheiro”, comenta. Em sua avaliação, as atuais 60 operadoras que existem na Europa acabarão reduzidas a 15 ou 20, com o fortalecimento das quatro líderes: Vodafone, Telefónica, Deustche Telecom e France Telecom.
Os movimentos na Europa, acredita outro consultor, deverão ter reflexos no Brasil, caso a Telefónica compre a Telecom Italia. “Em função das regras da defesa da concorrência, a TIM Brasil terá de ser fatiada”, avalia. Se o compradorfor a Vodafone, não haverá repercussão aqui, a não ser o fortalecimento da TIM. Mas, para isso, a Vodafone terá de vender sua pequena operação móvel na Itália. Nesse caso, abriria espaço para a entrada de novos concorrentes. Entre os interessados, a China Telecom.
A venda da Telecom Italia resolve a saúde financeira da TIM Brasil, de acordo com esse consultor. “Mas resta no Brasil outro problema a ser resolvido: a Oi”, diz. O elevado endividamento da Oi, de R$ 27,5 bilhões, com as pesadas obrigações de universalização que carrega, preocupa não só seus acionistas, mas também seus concorrentes. “Se a Oi quebrar, o modelo traçado na privatização vai para o espaço”, diz executivo de uma concorrente. Outro levanta a possibilidade de se fatiar a Oi para a sua venda, reduzindo de quatro para três os grandes players no mercado. Já executivos ligados à Oi e seus controladores acreditam que o melhor caminho para “salvar” a empresa é a capitalização através do mercado. Mas como o valor de suas ações caiu muito, a pulverização da participação dos acionistas controladores públicos pode ser um problema para o governo em 2014, ano eleitoral. De acordo com essas fontes, a redução da participação no capital já está sendo considerada pelos acionistas privados.
Briga de gigantes
Para a fonte especializada no mercado europeu, o modelo a ser seguido é o dos Estados Unidos, que considera um modelo vitorioso. Lá competem duas grandes operadoras, AT&T e Verizon, com participação menor da Sprint. A consolidação, diz ele, é necessária para as teles ganharem escala, melhorarem a saúde financeira e terem condições de enfrentar as gigantes da internet. “Não será só fornecendo conteúdo que as teles vão enfrentar as OTTs”, avalia. “Será preciso ter empresas fortes, que consigam negociar com as gigantes da internet um acordo comercial efetivo para o financiamento da expansão contínua da infraestrutura de rede de modo a atender à demanda do tráfego”, explica ele.
A necessidade de consolidação, avalia, decorre das mudanças do mercado, especialmente do mercado de mobilidade. “Se as operadoras tiveram décadas para amortizar os investimentos na rede fixa, agora, em menos de 20 anos, tiveram de investir em quatro gerações de tecnologia na telefonia móvel”, comenta. Resultado: as margens caíram muito. “Telefonia deixou de ser bom negócio. Só a escala permitirá reverter o quadro”, entende ele, afirmando que assim se poderá chegar a um equilíbrio entre teles e OTTs.
Fonte: TeleSíntese
Copyright © 2015 ABRAFIX - Associação Brasileira de Concessionárias de Serviços Telefônico Fixo Comutado. All Rights Reserved.