02/10/2013
Ainda há muitos pontos para serem explicados na fusão Oi e Portugal Telecom, mas o presidente da Oi e o CEO da Portugal Telecom, Zeinal Bava, sustentou que se a integração financeira será uma realidade na nova companhia - com alvo na redução dos custos - não haverá a consolidação de áreas operacionais. Traduzindo: as áreas de marketing, engenharia e redes, por exemplo, vão continuar com operações distintas no Brasil e em Portugal.
"É claro que haverá uma sinergia. Hoje já 80 projetos em sinergia entre Oi e Portugal Telecom. Mas as operações do dia a dia não serão integradas. Os mercados são diferentes e há especificidades distintas", destacou Bava, em videoconferência com a imprensa realizada nesta quarta-feira, 02/10. O executivo admitiu que a integração da Oi e da Portugal Telecom não será tarefa simples. "Há um oceano nos dividindo e há integração de três continentes. Os ecossistemas também são complexos", detalhou.
No papel, Oi e Portugal Telecom tiveram juntas receita de 37,45 bilhões de reais em 2012, com geração de caixa medida pelo Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) de 12,77 bilhões de reais. O endividamento líquido das duas atualmente é superior a 40 bilhões de reais, ou 3,3 vezes o Ebitda.
O modelo de fusão não é simples. Aliás é bem complexo. Segundo o fato relevante publicado na Comissão de Valores Mobiliários, a Portugal Telecom poderá desistir do negócio se ao final do processo não detiver mais do que 36,6% do capital total da Oi. A Telemar Part., por sua vez, poderá também decidir que no negócio não é bom caso a participação da PT fique acima de 39,6%. A Portugal Telecom espera, ao final do primeiro semestre de 2014, controlar 38,1% da CorpCo, companhia resultante da fusão PT e Oi.
O negócio também passa por uma reorganizaçaõ societária dos atuais acionistas da Telemar Participações, da AG Telecom, da LF Tel e da Bratel Brasil. Conforme ainda o fato relevante, a AG Telecom, a LF Tel e Telemar Part. serão capitalizadas e incorporadas pela Telemar Part. Passada essa etapa, a CorpCo vai incorporar as ações da Oi e da Portugal Telecom.
Também não fica claro como ficará a companhia caso, de fato, o BNDES e os fundos de pensão diluam sua participação no controle - hoje têm 38% somados. Se não entrarem no aporte dos R$ 2 bilhões previstos para os acionistas - como o ministro das Comunicações antecipou - essa participação poderá ficar reduzida a 1/3 de uma empresa de 14,1 bilhões.
À Reuters, analistas de mercado demonstram posições distintas. "Entre os pontos positivos, resolve problema de aumento de capital que teria que fazer a Telemar (Oi) no ano que vem", afirmou o analista Guido dos Santos, do Caixa Banco de Investimento, de Portugal. "Acho que quem perde é Portugal, já que a nova empresa vai ser brasileira, mas isso faz sentido, o mercado lá é enorme, com maior potencial de crescimento."
Já o analista Pedro Oliveira, do BPI, não mostrou estar convencido sobre a fusão, por avaliar que ela não resolve o problema do endividamento. "A nova empresa terá um índice de alavancagem financeira de 3,3 vezes (o Ebitda), o que é muito alto para o setor. E com perspectivas de aumentar, já que o Ebitda no segundo semestre (2013) no Brasil e Portugal deverá continuar sob pressão", completou.
Fonte: Ana Paula Lobo - Convergência Digital
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