24/10/2013
Uma das tendências mais explosivas trazidas pelo uso massivo de smartphones e tablets é a de uso de duas ou mais telas. Na prática, significa que os usuários estão adquirindo, cada vez mais rápido, o hábito de assistir televisão ao mesmo tempo em que usam outros aparelhos.
Para Dario Dal Piaz, da Qualcomm, esta é um tendência que só tende a crescer. As previsões de mercado indicam que, em alguns anos, os tablets vão superar os PCs em volume de equipamentos em operação no mundo. “Isso significa que estes equipamentos estão complementando as formas de acesso a conteúdo”, diz.
Dal Piaz acredita que, em breve, estes aparelhos estarão executando atividades complementares. Dados que comprovam isso não faltam. Um estudo realizado pela Blackberry indica que 90% das famílias continuam se reunindo na sala de casa para assistir TV. “No entanto, 50% dessas pessoas já faz isso com outro equipamento em mãos”, afirma João Stricker, executivo da fabricante.
Este grupo se divide em dois: pessoas que estão executando outra atividade enquanto assistem TV e pessoas que usam os aparelhos para comentar o que assistem. Stricker conta que os novos hábitos estão mudando também o modo como as fabricantes de aparelhos os projetam. “Os novos aparelhos serão equipados cada vez mais com mais recursos multimídia, que permitam a esses usuários navegar melhor com estes aparelhos”, explica.
Outro estudo, esse realizado pela Telefônica Vivo, mostra que a internet surge como a plataforma ideal para essa nova onda. De acordo com Alexandre Fernandes, executivo da companhia, 90% de todas as interações feitas com a internet hoje ocorrem por meio de algum tipo de tela. O estudo confirmou a tendência de que a maioria dos usuários usa mais de uma tela e, mais que isso, interagem em sequência, de acordo com o conteúdo acessado (vêm um comercial na TV, usam as redes sociais para colher referencias e realizam a compra pelo tablete, por exemplo).
“Mais que isso. No Brasil, a penetração dos tablets entre os usuários de smartphones cresceu 15% no ano passado”, afirma. Ele revela também que 66% dos donos de tablets utilizam seus aparelhos todos os dias e que 86% os querem conectados à rede.
Aplicativos e aparelhos
Ao mesmo tempo, a tendência mexe também com os desenvolvedores de aplicativos, já que, segundo Stricker, ainda faltam aplicativos integrados ao que acontece nas telas de TV. “Nesse cenário, há muitas oportunidades”, completa.
Paulo Peres, da softwarehouse Genband, concorda. Para ele, os tablets são a mídia ideal para uma série de aplicativos impensáveis há cinco anos. Ele afirma que os desenvolvedores de software têm trabalhado no sentido de criar aplicativos que permitam, dentro do mesmo dispositivo, interagir com os mais diversos tipos de mídias.
E no Brasil há muito espaço para isso. Dal Piaz lembra que os usuários de smartphones no Brasil têm, em média, 12 aplicativos em seus aparelhos. Na China, esse número chega a 50. E se engana quem acredita que os tablets devem substituir os notebooks. Isso pode ocorrer, mas não agora.
Para Marcelo Medeiros, da Dell, a resposta está nas convivência de diferentes gerações. “A chamada geração Z é que vai nos ensinar a usar o tablete e vai definir se ele realmente vai substituir o notebook”, acredita. Ele afirma que todas as gerações tecnológicas – X, Y e Z – deve consumir conteúdo nos tablets, mas o uso do equipamento para a produção vai variar de uma para outra.
A lógica é a seguinte: a geração X se sente mais confortável no notebook, que reúne o que eles consideram essencial para a produção, como editor de textos, planilhas e apresentações. A geração Y já demonstra mais intimidade com o tablete, mas é a Z quem vai mudar o conceito de conteúdo. “Para esta geração, conteúdo pode ser um vídeo, um viral, não necessariamente um texto”, lembra.
Por tudo isso, Medeiros acredita que o mercado ainda vai conviver por um bom tempo com diversos tipos de produto. E, ao que parece, todos em frente à TV.
Fonte: Fabio Barros - Convergência Digital
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