04/01/2014
RIO e MILÃO - A notícia de que a espanhola Telefónica — dona da Vivo no Brasil — estaria preparando uma oferta para comprar e fatiar a TIM, ao lado de suas rivais no mercado de telefonia móvel, Oi e Claro, fez as ações das empresas dispararem na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) na sexta-feira.
As ações ordinárias (ON, com voto) da Oi saltaram 27,06%, cotadas a R$ 4,46, a segunda maior alta do Ibovespa, o principal índice da Bolsa. Os papéis preferenciais (PN, sem voto), os mais negociados da empresa, avançaram 17,42%, a R$ 4,11, a quarta maior alta do dia. As ações ON da TIM, por sua vez, avançaram 10,72%, a R$ 13,42. Somadas, as duas empresas ganharam ontem R$ 4,4 bilhões de valor de mercado. Os papéis ON da Vivo subiram 7,62%, a R$ 41,49. Já os PN avançaram 2,51%, a R$ 45,32.
A notícia de que as três empresas estariam costurando uma proposta para comprar a TIM e fatiá-la foi publicada na edição de quinta-feira do jornal italiano “Il Sole 24 Ore” e seria uma tentativa de driblar as determinações impostas mês passado pelo Conselho de Administração de Defesa Econômica (Cade) ao grupo espanhol. Em 2007, quando a Telefónica passou a integrar o consórcio Telco, controlador da Telecom Italia (dona da TIM no Brasil), o negócio foi aprovado porque Portugal Telecom (PT) tinha 50% da Vivo. Mas em 2010, a tele portuguesa saiu da Vivo para entrar na Oi. A Telefónica ficou sozinha na Vivo e com participação indireta da TIM, as duas maiores operadoras de celular do país.
Prejuízo ao consumidor
Para agravar a situação, em setembro, a Telefónica firmou acordo para ampliar sua participação na Telco. Pelo acordo, sua fatia de 46% deve passar a 66%, num primeiro momento. Em uma segunda fase, essa parcela chegaria a 70%, equivalente a quase 16% da Telecom Italia. Mais adiante, a empresa poderá comprar o restante da participação de todos os sócios da Telco. Diante disso, o Cade determinou, em dezembro, que a a empresa espanhola se desfizesse de sua participação na TIM ou que encontrasse um novo parceiro para Vivo.
Para especialistas, a alternativa que estaria sendo proposta pela espanhola dificilmente será aprovada pelo Cade, pois, na prática, eliminaria um competidor importante do mercado de telefonia móvel brasileiro.
— A proposta contraria a decisão do Cade de que a Telefónica tem que achar um novo parceiro para a Vivo ou sair da TIM. Corre um sério risco de não ser aprovada pelo órgão antitruste — diz o ex-ministro das Comunicações Juarez Quadros.
A TIM é a segunda maior empresa de telefonia móvel no Brasil, com 26,99% de participação de mercado, segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) de novembro. A Vivo aparace em primeiro lugar, com 28,71%. Claro e Oi ocupam a terceira e quarta colocações, com 25,23% e 18,55% respectivamente.
Justamente por isso, a operação foi apontada por analistas da XP Investimentos como favorável às empresas. Daí a alta das ações. A TIM também está fazendo fortes investimentos em cabos ópticos, fundamentais para a tecnologia 4G. Qualquer companhia que a compre se beneficiaria com isso. Já para os consumidores, a maior concentração traria prejuízos.
— Quando foi feita a privatização, tínhamos dez operadoras. Ao longo do tempo, houve uma concentração de mercado e, hoje, temos quatro empresas. Eliminar mais uma só trará prejuízo ao consumidor. As empresas terão menos pressão para baixar preços e oferecer serviços de qualidade — avalia o consultor Virgílio Freire, expresidente da Vésper e ex-diretor da Telebras.
A TIM nega ter recebido qualquer oferta. Telefónica, Oi e Claro não quiseram fazer comentários.
Fonte: Bruno Villas Bôas e Danielle Nogueira - O Globo
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