24/03/2014
A julgar pelas contribuições encaminhadas ao NetMundial – o evento que o Brasil sedia em abril para discutir a governança da Internet – já é possível prever alguns consensos ou, pelo menos, tópicos onde é possível chegar a ele: quem deve tratar de Internet em nível global e, especialmente, a internacionalização da ICANN.
É que nas 187 contribuições enviadas há alguns pontos que, se não são unânimes, contam com razoável apoio em cinco campos que poderiam definir os "setores" da propalada governança "multissetorial". O aproveitamento do IGF é o primeiro, defendido por diferentes representante da sociedade civil, comunidade técnica, operadoras de telecom, empresas que atuam na rede e de governos.
Outro ponto que ganhou momento e faz parte de diversas contribuições é o que costumeiramente é chamado de internacionalização, ou globalização, da ICANN, a Corporação da Internet para Designação de Nomes e Números – o que envolve necessariamente a "globalização" das funções IANA, ou a "autoridade dos números", o que implica na gestão da raiz do DNS e endereçamento IP.
O que une esses pontos é o aparente desejo disseminado da realização de dois movimentos: o estabelecimento de um ambiente de tratativas sobre temas ligados à Internet que sejam de interesse mundial – onde implica o interesse na revisão de quem seriam os "decisores"; e o que pode ser melhor traduzido como a "desamericanização" das entidades de coordenação da rede mundial.
Ressalte-se que nas 187 contribuições há várias encaminhadas pelas mesmas entidades (grupos organizados da sociedade civil ou da comunidade técnica da Internet) ou representantes de determinados grupos econômicos (teles, provedores, empresas online) e que em muitos casos reproduzem sugestões feitas por empresas ou grupos individualmente.
Pelo tom das propostas, elas serão a base de qualquer que seja o compromisso a ser firmado pelos cerca de 800 participantes de, pelo menos, 80 países, esperados para o NetMundial. Há, naturalmente, inúmeros outros temas de interesse – como neutralidade de rede ou propriedade intelectual – mas sobre os quais um acordo viável em dois dias ainda parece improvável.
Fonte: Luís Osvaldo Grossmann - Convergência Digital
Copyright © 2015 ABRAFIX - Associação Brasileira de Concessionárias de Serviços Telefônico Fixo Comutado. All Rights Reserved.